Em um ponto abandonado do Queens está um espaço que é considerado a maior galeria de street art a céu aberto do planeta. Solo sagrado para grafiteiros de todo o mundo, o 5 Pointz (ou Cinco Pontos) é um enorme prédio industrial abandonado em Long Island, em Nova York, onde estão pintados trabalhos dos maiores nomes do grafitti de todo o planeta. O complexo de galpões é uma enorme comunidade artística, que assim como qualquer galeria que se preze, tem uma curadoria cuidadosa. Jonathan Cohen, mais conhecido como Meres, é o street artist responsável pela escolha de quem pode ou não deixar sua marca no 5 Pointz. Atualmente, entre muitos outros, os destaques ficam por conta de pinturas de gente do calibre de Stay High, Cope2, Space Invader e Tats Cru. Cordula Schaefer, blogueira alemã radicada em Nova York, registrou com suas câmeras alguns dos mais coloridos detalhes dos cinco pontos, cujo nome faz alusão às cinco macro regiões de Nova York, conhecidas como Five Boroughs: Manhattan, Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island. Veja as fotos na galeria e conheça mais sobre o trabalho de Cordula Schaefer na página da fotógrafa no Flickr. Vai lá: http://5ptz.com (via Travelettes)
5 Pointz
O maior balanço do mundo
Um mergulho no nada. Só assim é possível descrever o que esse time de slackliners e escaladores fez no mês de janeiro, em pleno inverno do estado americano de Utah. Usando cordas de alpinismo e elásticos para bungee jump, esses junkies de adrenalina construiram o maior balanço de cordas do mundo em uma garganta gigantesca na região da cidade de Moab. O registro foi feito pelo videomaker aventureiro Devin Graham, mais conhecido por seu nome de usuário no YouTube, Devin Supertramp. Aqui no site da Trip você já viu o trabalho do cara, que reúne os amigos para filmá-los nas mais variadas aventuras. Sejam mergulhos de penhascos em Waimea Bay, a construção do maior escorregador do planeta ou o vertiginoso tobogã-estilingue, esses caras são especialistas em divertimento com ação. Mas o mais recente vídeo do canal de Graham impressiona pela dimensão da brincadeira. Com dúzias de câmeras diferentes, o destemido grupo de amigos pula no vazio dando saltos mortais, de cabeça para baixo e dos mais variados jeitos possíveis. Veja no player abaixo a nova proeza dos amigos de Devin Graham.
Gabrovo x Piripiri
Divulgação
Gabrovo, a capital búlgara do humor
Uma fica na Bulgária; a outra, no Nordeste brasileiro. Em comum, Gabrovo (terra do pai da presidenta Dilma Roussef) e Piripiri (não, Gretchen não nasceu lá) compartilham o título de capital do humor
Gabrovo, onde nasceu Petar Roussev, pai de Dilma Roussef, se diz a cidade mais engraçada da Bulgária – tem Carnaval, bienal e museu do humor. Com a palavra, a prefeita, Tanya Hristova.
O que faz os gabrovianos serem tão hilários?
Eles riem deles mesmos e se orgulham disso.
Como é o carnaval de humor?
É a nossa quinta estação. No último fui de Cruela Cruel.
Como foi a visita de Dilma em 2011?
Ela ganhou a escultura O encanto de Europa [uma mulher nua em cima de um ser metade touro, metade homem]. Esperamos que tenha recebido com um sorriso, afinal, tem sangue gabroviano nas veias.
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Piripiri - A capital do humor no Piauí
O governo piauiense reconheceu Piripiri como a capital da graça no estado, fazendo a alegria de seus 62 mil habitantes. O prefeito, Odival Andrade, especula sobre a água piripiriense.
O que Piripiri tem de especial?
A verve é diferenciada. Não sei se é a água do açude, mas exportamos humoristas, como João Cláudio Moreno, da Escolinha do professor Raimundo. Mas os melhores ficaram por aqui, no anonimato.
Gretchen homenageou vocês no “Melô do Piri Piri”?
Se a intenção foi nos fazer uma alusão, é uma honra pra nós, um povo eminentemente artístico.
Mas que viagem
Praia, sítio, montanha ou campo, o importante é mudar de ares. Nossas Trip girls botaram o pé na estrada e saíram mundo afora, esbanjando beleza e sensualidade. Pegue carona com elas e boa viagem!
El cuero se va comer
Desacelero meu passo e deslizo meu olhar pelo majestoso horizonte. O cenário do altiplano andino é lunar. Tal deleite me leva a outra dimensão. Uma energia sobrenatural invoca em mim a vontade de caminhar e sigo pela crista da montanha. Hesito e paro um instante. Adiante, avisto uma imensa pirambeira. Sem fôlego, respiro profundamente para alinhar-me novamente. Estou a mais de 3.800 metros de altitude, subindo a ribanceira até o pequeno vilarejo de Pucamayo, um inóspito local (fora de qualquer mapa) ao norte de Oruro e ao sul de Potosí, na Bolívia. O objetivo é gravar um dos nove episódios de Na fé com Arthur Veríssimo, série que protagonizarei no Discovery Channel (mais informações ao fim do texto), na qual me jogarei de cabeça em cerimônias religiosas bizarras espalhadas pelo globo. Chego de mansinho e sou recebido pelo líder do clã do vilarejo, o guerreiro Jose Cruz. Acompanhado de seu irmão Carlos, traz consigo um punhado de folhas da coca, uma oferenda para este incauto peregrino. Coloco as hojitas com delicadeza entre a bochecha e os dentes. Um caldo doce é destilado em minha boca. O imediato soroche (mal das alturas), que causa estragos a muitos viajantes, é eliminado em um átimo de segundo. Os hermanos Cruz levam-me para conhecer a comunidade e explicam o significado da festa El Tinku e sua relação com Pacha Mama, a Madre Tierra, principal entidade divina dos povos dos Andes. Nossa conversa é entremeada pelo vai e vem de conselheiros e anciões de Pucamayo. Todos estão possuídos com o advento de El Tinku, que significa “encontro” na língua quéchua e “ataque físico” em ayamara. O ritual sacia a sede de Pacha Mama, serve para agradecer pelas colheitas passadas e solicitar bênçãos para as futuras. Segundo os costumes e tradições, a briga garante o sangue que deve ser derramado como sacrifício e oferenda à Madre Tierra. A devoção é completada com muita música, dança, chicha, álcool, porrada e delírio. Quase necessariamente nessa ordem. Carlos Cruz apresenta um kit de armas seculares de seu povo, atualmente proibidas no Tinku. Estilingues, boleadeiras, chicotes e outros artefatos belicosos. “Às vezes usamos para derrubar o adversário”, diz Carlos, com um sorisso cabuloso. Um capacete estiloso de couro me chama a atenção. Coloco o casco e o bestial Carlos joga uma pedra em minha cabeça para mostrar a pseudossegurança do capacete. Fico cabreiríssimo com a atitude desmesurada do insano. Jose pede desculpas pela estupidez de seu irmão, que exala tranquilidade. Demência explosiva. Jose, exibindo um olhar de predador, diz que bate sem dó nem piedade em qualquer pessoa que estiver na Praça de Mancha - e que todos correm, sim, risco de vida No dia seguinte, meus tresloucados anfitriões me levam para onde está sendo finalizado o néctar da festa. Uma destilaria artesanal onde é preparada, fermentada e produzida a chicha. A chicha morada é uma bebida fermentada (e bem alcoólica!), à base de milho, canela e outras especiarias. Imensos tachos e caldeirões estão guardados para a festa do Tinku. Estou ressabiado com o que irá acontecer no encontro final, na batalha campal. Como é possível uma festa religiosa, de comunhão com a natureza, no qual o êxtase seja uma luta violenta e sangrenta? Falta de refinamento espiritual ou tradições milenares preservadas na sua forma original? Jose, exibindo um olhar de predador, diz que bate sem dó nem piedade em qualquer pessoa que estiver na praça de Macha – e que todos correm, sim, risco de vida. Questiono se tudo não é uma desculpa para resolver questões pessoais. Ele ri. E me deixa inquieto, acrescentando que todos sabem que alguém irá morrer na festa. Todo ano é assim. Peço aos irmãos Cruz para fazerem uma demonstração da luta. Percebo que não existem regras ou limites: os socos são distribuídos de todas as formas e jeitos sem parar. O que vale é nocautear o adversário. Entro para o corpo a corpo e Carlos (a besta) é novamente agressivo além da conta. Estou preparado e me esquivo da violência – antes de vir para a Bolívia, havia feito treinamento de defesa pessoal, muay thai e boxe com meu sensei Marcão Zakir. Percebi que a porradaria, virilidade e barbárie seriam o tom da festa do El Tinku. As atividades se aceleram e incendeiam. Observo o zum-zum-zum enquanto um casal de ovelhas é sacrificado com brutalidade e alegria ao mesmo tempo. O ambiente é de extrema embriaguez. Repentinamente, uma dupla de encachaçados tenta pintar meu rosto com o sangue dos animais. Saio mais rápido que o Papa-Léguas e sumo de cena. Acordo em estado de alerta e sigo para Pucamayo. Hoje é o dia D. No vilarejo, Jose Cruz e o conselho dos anciões me oferecem o figurino completo de guerreiro, incluindo capacete, adereços, penacho e flauta andina. Estou vestido a caráter e participo dos rituais preliminares. Todos se divertem, fazem troças, bebem enlouquecidamente e dançam. Na muvuca, um grupo de fanfarrões gruda na minha jugular. Recebo tapinhas, tapões, chutes e provocações contínuas, até que dois tipos resolvem me açoitar. Perco o controle e passo uma chinela, uma rasteira, em um dos sem noção. Ele se estatela no solo sagrado. No ato levanto o tiozinho e mudo a vibração dando abraços e saindo de fininho. Por incrível que pareça, havia mergulhado no atalho da violência. Percebi que estava sendo contaminado pelo vírus da maldade. Clamo por Gandhi, por ahimsa (não violência). Mea-culpa. Reconheço minha estupidez entrando na vala da ignorância. A porradaria se instala. Míseros 32 policiais formam a equipe de contenção do ímpeto da crueldade de milhares de pessoas Minha reflexão serve apenas para mim, pois o clã da família Cruz continua se encharcando de chicha e de singani, uma bebida ainda mais explosiva. Iniciamos nossa descida marchando ao som do jula-jula com charangos e flautas. Por todas as montanhas e desfiladeiros, mais de 200 comunidades fluem em legiões de guerreiros ávidos pela batalha na praça de Macha. Trotamos unidos por 5 quilômetros até o epicentro do holocausto. Milhares de indígenas com suas roupas coloridíssimas bailam e cantam hinos em louvor a Pacha Mama. Um corre-corre frenético despenca pela ruela ao lado da praça. Policiais lançam bombas de gás lacrimogêneo para dissipar uma briga coletiva que se inicia. Fico grogue e com os olhos marejados. Ao lado da igreja, policiais tentam organizar o caos das primeiras brigas individuais. Na base do chicote e do empurra-empurra, montam um ringue com a massa humana. A porradaria se instala. Míseros 32 policiais formam a equipe de contenção do ímpeto da crueldade de milhares de pessoas. Vejo Jose Cruz distribuindo socos, cotoveladas e pernadas. Como uma arma letal, ele derruba o adversário e salta do ringue no encalço de outro guerreiro. Os policiais não conseguem acalmar a multidão. Um grupo de bêbados chuta um homem que está estatelado no chão, sangrando copiosamente. A confusão toma uma escala inimaginável. Policiais lançam outra bomba de gás lacrimogêneo. Os índios se enfurecem e ficam ainda mais agressivos. Sou alvo fácil para as comunidades que avançam por todos os quadrantes da praça. Corro para a delegacia e me dispo das roupas e do capacete. Um policial com lágrimas nos olhos me diz que não dá mais para controlar. Turistas, crianças e autoridades assistem às cenas sem se incomodar. Vibram com o sangue espirrando dos rostos. Nenhum local é seguro. Um turista toma uma voadora e tomba inconsciente. Sim, violência gera violência. Pra que isso? Tanto sangue e raiva paralisam a mim e à equipe. A única certeza que tenho é que esta briga não é minha. Pacha Mama, para que tanta selvageria?Despachamos nosso repórter até Pucamayo, nas profundezas da Bolívia, onde, uma vez por ano, mais de 200 comunidades andinas se encontram para dançar, beber e cair na mão (sangue & morte inclusos). Arthur apanhou – mas também bateu
Onde é tua casa?
Tô desde o dia 14 de junho, quase um mês, viajando aqui pela Europa. Passei por 4 países, Espanha, República Tcheca, Dinamarca e agora Alemanha. Minha impressão sobre cada um desses países foi diferente, os espanhóis em Barcelona meio folgados, rabugentos e mal educados, mas com um sistema de transporte impecável, com um recolhimento de lixo urbano de primeira, ruas lindas e outras qualidades. Praga, na República Tcheca, com aquela beleza melancólica, tudo antigo, parece que você voltou no tempo, mas ao mesmo tempo tudo funcionando também, pessoas educadas, sistema de transporte público funcionando, os bondes são uma solução muito inteligente e funcional. Copenhagen na Dinamarca já deixou saudades, cidade linda, arquitetura linda, gente meio reservada mas aparentemente feliz e muito educada, todos andando de bicicleta, tudo funciona. E agora Berlin, acabei de chegar, me pareceu uma cidade meio assustadora, mas logo de cara deu a impressão de muito rica culturalmente. Carlinhos Zodi Pelas ruas de Barcelona Carlinhos Zodi Barcelona, Espanha Carlinhos Zodi André Genovevi no Paralel, Barcelona, Espanha. Carlinhos Zodi Barcelona, Espanha Carlinhos Zodi Pelo metrô em Barcelona Carlinhos Zodi Barcelona, Espanha Carlinhos Zodi Barcelona, Espanha Carlinhos Zodi Profissão perigo. Carlinhos Zodi Dia internacional do skate em Barcelona. Carlinhos Zodi Pra acalmar a mente. Carlinhos Zodi El perro de las carreteras. Carlinhos Zodi Barcelona, Espanha Carlinhos Zodi Barcelona, Espanha Carlinhos Zodi Agbar, Barcelona, Espanha Carlinhos Zodi Praga, República Tcheca Carlinhos Zodi Praga, República Tcheca. Carlinhos Zodi Outro tempo na República Tcheca. Carlinhos Zodi Praga, República Tcheca Carlinhos Zodi Praga, República Tcheca Casa do Conde Drácula? Carlinhos Zodi Design por todos os lados. Carlinhos Zodi Czech czech one two!!! Carlinhos Zodi Metrônominho. Praga, República Tcheca. Carlinhos Zodi Centro de Praga, República Tcheca Carlinhos Zodi Home czech home. Carlinhos Zodi Casa do Conde Drácula? Praga, República Tcheca. Carlinhos Zodi Você está aqui. Dinamarca. Carlinhos Zodi Skate pelas ruas de Copenhagen com Diego Fiorese. Carlinhos Zodi Dia de descanso. Carlinhos Zodi Cerejas do pé no quintal de casa em Copenhagen. Carlinhos Zodi Equipamentos prontos pra sessão com Diego Fiorese em Copenhagen. Carlinhos Zodi Visual diário ao acordar em Copenhagen. Carlinhos Zodi Entendeu? Lavanderia dinamarquesa. Carlinhos Zodi Pico de skate em Copenhagen Carlinhos Zodi Tapa na cabeleira em Copenhagen Carlinhos Zodi Skate em Copenhagen - Dinamarca com Diego Fiorese e Nilo Peçanha. Carlinhos Zodi Brasil-sil-sil! Carlinhos Zodi Praia em Copenhagen Carlinhos Zodi Vizinhança em Berlin Carlinhos Zodi Chegamos em Berlin
Quando vem chegando a hora de voltar pro Brasil fica uma mistura de sentimentos, ao mesmo tempo uma alegria de voltar pra minha terra, minhas raízes, meus amigos, família, mas dá uma tristeza de perceber que o Brasil podia ser tão melhor. A cada país de primeiro mundo que eu viajo percebo que o nosso grandão podia ser o lugar perfeito pra se viver. Daí me pergunto, todos esses filhos da #$& que mantém nosso país nessa condição de $%#* viajam pra esses mesmos lugares que eu fui, todos tomam um tapa na cara de organização e civilidade. Por que não percebem que nosso lugar seria tão melhor pra TODOS se virássemos essa chave? Se começássemos a pensar coletivamente? Se começassemos a priorizar as pessoas e não o lucro em cima dos combustíveis, dos impostos e de produtos e serviços piores a um custo mais alto?
E essa revolução que "quase" aconteceu? Em que pé que tá? No que vai dar? Assisti com tanto orgulho daqui de longe as pessoas se engajando e de repente... não se fala mais nisso... o governo cedeu aos 20 centavos e à pec, mas ainda tá tudo tão longe.
Vou sair logo mais pra gravar skate aqui em Berlin, tô gravando o Pela Rua, programa que faço pro Canal OFF, pelo visto hoje as caminhadas vão ser pensativas, nessa mistura de alegria e tristeza, de achar que existe um lugar que poderia ser tão bom no mundo, mas não é por causa de um bando de gente que insiste em continuar no jardim da infância consciencial, um lugar que continua uma baderna que beira o paraíso e o insuportável ao mesmo tempo. E assim vou caminhando com a sensação de que não tenho lugar no mundo a não ser dentro da minha própria cabeça, meu verdadeiro lar.
Bom dia a todos.
Um dólar por dia
Sean Leonard/Divulgação
Em 2010, Zach Ingrasci e Chris Temple, os dois jovens americanos da foto acima, decidiram experimentar viver como mais de 1 bilhão de pessoas em todo mundo: com apenas US$ 1 por dia.
Na época, eram estudantes de economia na Universidade de Claremont McKenna, na Califórnia, e escolheram como destino uma comunidade rural na Guatemala. Cada um colocou uma mochila nas costas e US$ 56 no bolso para viver por 56 dias. Passaram fome, contraíram doenças e tiveram que trabalhar em uma plantação de rabanetes. A aventura rendeu o documentário Living on one dollar, em cartaz nos cinemas nos EUA.
“Para milhões de pessoas, viver com menos não é uma escolha e quem possui condições tem a obrigação de ajudá-las”, diz Zach. Parte da bilheteria do filme vai para a fundação Whole Planet, que oferece microcrédito a pessoas de baixa renda em 57 países
Vai lá www.livingonone.org
Vida editada
O designer canadense Graham Hill ficou conhecido em 2009, quando lançou um concurso chamado Life Edited para reformar um apartamento de 39 metros quadrados em Nova York, onde fosse possível um casal morar, trabalhar e receber os amigos. Venceu o projeto acima, que inclui divisórias móveis e camas portáteis. “Quis mostrar que é possível viver bem com menos coisas em menos espaço”, diz Graham, cujo projeto foi chamado de “o apartamento do futuro” pelo jornal The New York Times. Graham tem uma consultoria que se dedica a levar o projeto a outras cidades. Ele vem a São Paulo este mês, onde vai criar um apartamento para uma construtora brasileira. Como é morar num apartamento de 39 metros quadrados? Você é mais feliz hoje do que quando morava numa casa de 300 metros quadrados? Tem planos de levar os microapartamentos a outras cidades?
Eu adoro. O meu fica num bairro bem localizado, o Soho, que tem tudo por perto. O design do espaço me permite fazer o que preciso. Tenho um bom lugar para trabalhar e uma mesa expansível que permite fazer jantares para 12 pessoas. Se sinto claustrofobia, saio andando pelas ruas. A cidade é a minha sala de estar.
Sou porque hoje entendo melhor o que é importante para mim. Minha vida é mais simples agora. Em geral, buscamos uma casa grande com um monte de coisas dentro porque achamos que aquilo vai dar sustento às nossas vidas. Mas, no final, somos nós que sustentamos esses bens e o que vem com eles – as contas, a necessidade de limpeza, de manutenção etc. Isso toma muito tempo. Hoje vivo melhor e com menos.
Sim. Temos parceiros em diversas cidades, como Nova York e San Francisco. Estamos prestes a trabalhar com uma empresa brasileira, especializada em microapartamentos, para trazer o projeto a São Paulo, na Vila Olímpia.
Café com conserto
Jessica Fiorelli
Na Holanda, levar um liquidificador para consertar ou um móvel para restaurar é coisa rara e que costuma sair caro. Quando um produto quebra, logo é substituído por um novo. Incomodada com o desperdício, há quatro anos a jornalista Martine Postma criou o Repair Café, encontro onde as pessoas levam objetos para serem consertados de graça por voluntários.
São mecânicos, marceneiros e costureiras prontos para dar uma mão. Os frequentadores aproveitam a ocasião para tomar um cafezinho e bater papo. “O Repair Café é um sucesso porque é útil e divertido. Ele aproxima as pessoas”, diz Martine. São 30 unidades no país e outras na Alemanha, França, Bélgica, Áustria, Canadá, EUA e até no Brasil, em Santos, no litoral paulista.
Vai lá www.repaircafe.org
Jessica Fiorelli
Almoço grátis
Divulgação
O americano de ascendência indiana Jay Savsani, 28 anos, passou boa parte da vida se alimentando de fast-food e comida pronta. Nascido em Chicago, o web designer só foi experimentar “comida de verdade” em uma visita ao Camboja. Ali foi hóspede de uma família local com quem dividiu as refeições.
A experiência foi o ponto de partida para a criação do Meal Sharing, comunidade que permite que pessoas compartilhem refeições caseiras em qualquer lugar do mundo. “Somos um grupo que reúne diferentes culturas em torno da comida”, explica Jay (ao lado, de camiseta listrada). A ideia é experimentar o que o seu anfitrião come no dia a dia, sem frescura – e de graça.
Criado há um ano, o Meal Sharing tem 3 mil membros em 350 cidades. Para receber em casa ou ser recebido, basta se inscrever no site.
Vai lá www.mealsharing.com
Sobre as árvores
O casal Mateo e Erica realizou o sonho de qualquer criança da década de 1980 quando ergueram sua primeira casa na árvore – só que pra levar a sério, dormir, trabalhar, cozinhar e acordar todo dia. Quase uma vida de Tarzan, se você pensar que eles também pulam de uma árvore pra outra, plantam sua própria comida e e vivem entre animais e meia dúzia de cachoeiras e piscinas naturais dignas de filmes da sessão da tarde. Em 2006 largaram a vida “ordinária” no Colorado, Estados Unidos, e começaram a construção da Finca Bella Vista, uma comunidade autossustentável que vive em casas construídas sobre árvores na região montanhosa da Costa Rica. Hoje, são 25 casas – todas com Wi-Fi, o que prova que a ideia não é afastar toda a tecnologia e viver isolado. O conceito das moradias é o baixo impacto ambiental, com captação de água da chuva e biodigestores. Com períodos definidos para receber visitantes, o preço para desfrutar de um dia do sonho arquitetado por eles custa a partir de 100 dólares só pela locação de uma treehouse. Vai lá: www.fincabellavista.com
Voo solo
Arquivo Pessoal Nepal Onde? Caio Vilela, fotógrafo e jornalista, já viajou para mais de 60 países, incluindo destinos como Antártica, Tunísia e Tibete Nepal “Em Katmandu, o turismo se concentra em Thamel, bairro que reúne as agências de trekking. É comum os restaurantes da região terem quadros de mensagens com viajantes procurando companhia para os passeios.” Arquivo Pessoal Litoral da Croácia Litoral da Croácia “As praias são cheias de baladas, dá para conhecer um monte de gente, mas, se quiser sossego, também tem. A cidade de Pula tem espírito rock’n’roll, cheia de shows que dá para curtir solo. Sting e James Brown, por exemplo, já passaram por lá.” Boipeba e Morro de São Paulo “Para quem quiser tranquilidade, a dica é a Ilha de Boipeba, em especial a praia de Moreré. Os que buscam agito devem ir à vizinha Ilha de Tinhacaré, onde fica o Morro de São Paulo, com barezinhos, restaurantes e baladas.” Califórnia “Para ser mais específico, San Francisco. Tem mil opções de passeios e gente do mundo inteiro. O viajante solitário vai se divertir inevitavelmente.” Florianópolis “A dica é arrumar uma pousada à beira-mar ou se hospedar na Lagoa da Conceição. Assim se tem mobilidade pra fazer um esporte aquático ou ir à praia, são várias opções. Uma vez bem localizado na ilha, fica tudo muito fácil.” Como? Hermés Galvão (ao lado e abaixo), jornalista e autor do livro Como viajar sozinho sem parecer solitário (ed. Record), em breve nas livrarias Passar o tempo na fila da imigração “A boa é brincar de adivinhar a nacionalidade de cada turista. Quando não está na cara, está no pé. Por Divulgação exemplo: tênis de corrida = brasileiro/ crocs = americano/ havaianas = espanhol/ sapatos de bico quadrado = russo/ sapatos de verniz = russo/ sapatos de verniz com bico quadrado = russo/ sapatos de verniz com bico quadrado e bicolor com fivela e solado duplo com amortecedor = russo.” Ir a museus e galerias em horários alternativos “No fim do dia, a uma hora de fechar (você está sozinho, lembra? E não precisa ficar horas em frente a uma tela só para impressionar – seu amigo artsy não está perto) ou quando ficam abertos mais tarde, além do normal, assim você evita famílias com crianças histéricas, pais descabelados, mães histéricas e descabeladas, hordas de asiáticos...” Conhecer os cartões postais durante a corrida matinal “Afinal, para que ficar parado, horas, em frente a uma estátua, torre ou, sei lá, um lago? E o melhor de tudo é que turistas não acordam cedo, então está tudo lá só para você ver, ticar e vazar.” Comprar bilhete de trem optando por viajar no compartimento de silêncio “Ali os celulares são proibidos, famílias passam longe e adolescentes não suportam ficar nem 2 minutos. Lá dentro, barulho só o do virar das páginas dos jornais.” Ligar o aplicativo de blind dates “E ter toda a liberdade e tempo do mundo para escolher o perfil que melhor se encaixa naquele momento. E o melhor: você pode despachar a pessoa caso ela não seja na real o que parecia no virtual. Sem culpa.”
Ô, terra boa...
Na fronteira entre o Afeganistão e a China, na Ásia Central, há uma região onde árvores não crescem e carros não passam. Não há médicos ou professores, e a única moeda corrente são ovelhas. Seus habitantes passam a maior parte do tempo zanzando em busca de pasto para os animais, uma tarefa difícil nesta terra que fica a mais de 4 mil metros de altitude e tem temperaturas negativas em pelo menos 340 dos 365 dias do ano. Essa é a vida dos nômades quirguizes no chamado Wakhan Corridor, um lugar tão remoto que os nativos o chamam de Bam-e Dunya, ou “telhado do mundo”. Estabelecidos ali desde o século 18, eles não formam um grande povo (os quirguizes são aproximadamente 1.300) e uma de suas únicas formas de diversão é jogar buzkashi, ou “agarramento de cabra” (a cabra, no caso, não tem cabeça), sobre cavalos. O guia brasileiro Manoel Morgado passou em setembro pela região, onde pode capturar as imagens acima. “Eles têm um estilo de vida inalterado há muitos séculos. No curto verão, sobem para os acampamentos de altitude com seus bois selvagens, cabras, ovelhas e camelos. Quando fiz um trekking duríssimo de 15 dias pelo que se chama Pequeno e Grande Pamir [referência ao rio], o ponto alto foi, sem dúvida, o contato com esses nômades.”
Congestionamento em Machu Picchu
Eles vão de bike
Arquivo Pessoal
Felipe no Farol da Barra - BA
Cicloviajantes dão dicas para quem quer chegar até o destino pedalando na magrela e contam alguns perrengues que passaram pelo caminho
Felipe Schlossmacher Cariello, de 22 anos, pedala desde pequeno, mas se inspirou para encarar maiores distâncias quando conheceu uma alemã que viajava de bike pelo Brasil no Encontro Nacional de Comunidades Alternativas, que aconteceu em 2011 em Aratuípe, na Bahia. Ele gostou da ideia e decidiu comprar uma bike na feira do rolo de Salvador. Pagou 60 reais por ela e começou a pedalar sozinho com destino à Maragogi, litoral norte de Alagoas. O percurso tem aproximadamente 800 km, mas Felipe acredita ter percorrido um pouco mais. “Calculo que por volta dos mil, já que para visitar as praias tive de pegar estradas de uns 20 km cada. Mesmo sem preparo físico, meu corpo aguentou bem os 80 km diários.”
Durante os 15 dias que levou, fez algumas paradas para dormir. Sem maiores preocupações, entrega que “qualquer canto coberto era lugar pra esticar a lona, entrar no saco de dormir e pronto.” E quando diz qualquer canto, é qualquer canto mesmo. Felipe se acomodou entre as cadeiras de um restaurante em um posto de gasolina, enquanto por outros dias dormiu embaixo de uma ponte, ambos na BR. Também passou dois dias em um assentamento do MST, uma noite em uma chácara da UDV [União do Vegetal, igreja que faz uso de Ayahuasca] e outra na varanda de uma casa na beira da praia. Em uma das noites dormidas embaixo da ponte, acordou com um homem o ameaçando com um facão e querendo saber o que ele estava fazendo ali. O susto foi grande, mas depois de se explicar, ficou tudo bem.
Trip Qual a vantagem de ir pedalando?
Felipe Você consegue aproveitar cada quilômetro de estrada e a admirar a paisagem, além de estar praticando exercício e não poluindo o ar. E o melhor, é de graça.
Quais dicas você daria pra quem quer viajar de bike? Eu diria que o ideal é pedalar durante o dia e descansar durante a noite. Também é bom revisar tudo antes de começar; corrente, banco e freio. Além disso, se for passar vários dias na estrada, é importante levar equipamento de camping e ter um bagageiro na bike pra carregar a mochila. Pra comer, cuscuz é uma boa. Além de barato, oferece a energia que você vai precisar. Arroz também é muito fácil e rápido de fazer. Para beber, café com leite em pó, dá muita “sustança”. Mas a maior dica é perder a vergonha, não ter medo de tocar na campainha de um desconhecido e pedir para encher o cantil, ou dormir na varanda. Fui muito bem recebido na casa de várias pessoas. Para as paradas, os postos geralmente têm banheiro com chuveiro para os caminhoneiros.
"[...] a maior dica é perder a vergonha, não ter medo de tocar na campainha de um desconhecido e pedir para encher o cantil"
Arquivo Pessoal
Renata e sua bike
A designer Renata Cardamoni, de 24 anos, usa a bicicleta como principal meio de transporte desde 2011. Saindo de São Paulo, fez seu primeiro passeio até Santos com alguns amigos. Depois desse episódio, se sentiu segura para outros trajetos e a sensação de pedalar na estrada foi tão boa que acabou indo para o Guarujá, Sorocaba, Guararema e São José dos Campos dessa forma. Em outra viagem, que dividiu o caminho usando ônibus, foi de Paraibuna a Ubatuba – o maior trajeto que já fez até hoje. Mesmo quando não pretende pegar estrada pedalando, leva a magrela no bagageiro do ônibus para não se arrepender e poder usá-la ao chegar em seu destino.
Cachoeira é parada obrigatória, por isso Renata acha importante sempre ter um mapa em mãos e anotar pontos de referência. A maioria das viagens que fez estava acompanhada com amigos, mas também já se aventurou sem eles. “As pessoas falam o tempo todo que para mulher é perigoso, inclusive sentem dó de você por estar sem companhia. No Carnaval viajei sozinha, calculei mal o tempo, choveu e acabei pedindo uma carona na estrada, com a bike - e eu - toda suja de lama.”, conta.
Quando perguntamos quando saber se está pronto para arriscar os muitos quilômetros, ela ri e diz “você está pronto quando resolve desviar o caminho de casa para pedalar mais.”
Trip Qual a vantagem de ir pedalando?
Renata Você sente cada pedacinho do percurso. O nascer do sol é um dos momentos imperdíveis!
Quais dicas você daria pra quem quer viajar de bike? Revisar bem a bike e ter estratégias, as vezes é preciso pedir carona se acontecer algum perrengue. Aqui em São Paulo tem o trajeto da Serra da Cantareira, que pode ser um bom teste para saber se está pronto para viajar por mais tempo. Leve o mínimo possível, mas o máximo necessário. É importante sempre ter um corta-vento, capa de chuva, óculos de sol e ficar esperto com o clima. Frutas secas e amendoim são perfeitos para o lanche. Pare onde se sentir acolhido, seja pela natureza ou pelas pessoas. Tem muita gente boa disposta a ajudar.
Quatro roteiros de viagem por Alexandre Herchcovitch
Nova York, Londres, Paris e Tóquio são quatro cidades onde Alexandre Herchcovitch se sente em casa, de tanto caminhar por elas. “Gosto de sentir cada uma, observar o comportamento nas ruas e absorver as influências. Quatro cidades com personalidades diferentes, que, às suas maneiras, influenciam a moda e o comportamento do mundo”, afirma o estilista no recém-lançado O guia de viagem de Alexandre Herchcovitch (Pulp Edições; R$ 39,90). Veja como é o dia perfeito dele em cada uma delas e inspire-se para a sua próxima viagem. NOVA YORK “Se tivesse apenas um dia na cidade, acordaria cedo para tomar café com leite no Amy’s Bread, no Ninth Street Espresso ou na Ronnybrook Dairy do Chelsea Market. Começar o dia ali desperta várias sensações. Tem o aroma de verdura e legumes, da peixaria, da leiteria, do Buon Italia, um mercado italiano que adoro. É como ir à feira. Em seguida, pegaria um táxi até a Broadway com a Canal Street para subir a Broadway a pé. Adoro as lojas do Soho, as vitrines e remexer em prateleiras da Muji, Old Navy, Uniqlo e Flight Club. É uma mistura de comércio popular com lojas mais sofisticadas. Faço desvios em várias ruazinhas, mas mantenho a proa em direção à Union Square. Almoçaria no Hummus Place, em East Village, e me divertiria com as quinquilharias de St Mark’s Place antes de pegar o metrô para Williamsburg. Chegando lá, vasculharia toda a Bedford Street e as ruas ao redor, até chegar a hora de me sentar na Bakeri para outro café e, quem sabe, um dos doces da vitrine. No final da tarde, voltaria para o Chelsea. Passaria pela Printed Matter, pela Comme des Garçons e por uma ou outra galeria de arte. Se não estivesse muito cheio, subiria no High Line. Poder passear e ver a casa das pessoas, entre plantas e trilhos antigos de trem, é bem coisa de Nova York. Quando o Whitney Downtown abrir, em 2015, incluirei no meu programa. Em casa, prepararia um jantar gostoso assistindo a algum concurso de culinária ou seriado na TV. Adoro seriados americanos e não sou muito de sair à noite. Mas seria o gran finale de um dia perfeito na Big Apple, com uma volta na quadra antes de dormir. Sairia para jantar fora se estivesse com amigos, hóspedes ou quando minha equipe de trabalho está na cidade, que também fecharia o dia com chave de ouro.” Vai lá: Amy’s Bread, Ninth Espresso e Ronnybrook Dairy – Chelsea Market -75 Ninth Avenue entre 15th St e 16th St. www.chelseamarket.com; Muji - 455 Broadway. www.muji.com; Old Navy - 503 Broadway, entre Broome St e Spring St. www.oldnavy.com; Uniqlo - 546 Broadway, entre Spring St e Prince St – www.uniqlo.com; Flight Club - 812 Broadway. www.flightclub.com; Hummus Place - 109 Saint Mark’s Pl, entre 1st Ave e Ave A. www.hummusplace.com; St Mark´s Place - 8th Avenue, entre a Third Avenue e Ave A; Bakeri - 150 Wythe Ave, esquina com N 8th St. www.bakeribrooklyn.com; Printed Matter - 195 10th Ave, entre 21st St e 22nd St. www.printedmatter.org; Comme des Garçons - 520 W 22nd St, entre 10th Ave e 11th Ave. www.comme-des-garcons.com; High Line – no West Side, da Gansevoort Street a 20th Street. www.thehighline.org LONDRES “É difícil programar um dia ideal em Londres. Há tanta coisa para fazer que, com certeza, não caberia em meras 24 horas. Quando faz sol e calor, gosto de caminhar pela beira do Tâmisa, entre a London Eye e a Tower Bridge, parando para curtir a Tate Modern. Outra opção é comprar uma cesta de piquenique no Food Hall da Harrod’s ou da Fortnum & Mason para comer no gramado, perto da Serpentine Gallery, que, a cada verão, ganha um pavilhão criado por um arquiteto diferente. Também adoro explorar Bethnal Green e a icônica Brick Lane, caminhando tranquilamente em direção ao Spitalfields Market. É uma região em transformação, onde lojas de sáris e temperos de Bangladesh se misturam com cafés, bares e brechós. Outras regiões legais para bater perna são Shoreditch (metrô Old Street) e Islington (metrô Angel). Em dias chuvosos uma ótima opção é visitar os museus. Meus favoritos são o Victoria and Albert e o Natural History, que sempre têm exposições interessantes. A National Gallery e a National Portrait Gallery, em plena Trafalgar Square, também são excelentes refúgios da chuva e do barulho da cidade, além de terem entrada franca. Outro bairro que adoro é Notting Hill, principalmente durante a semana, quando há menos gente na Portobello Road. E quando o assunto é window shopping, nada melhor do que caminhar pela Burlington Arcade e pela Jermyn Street, em Mayfair, admirando as tradicionalíssimas marcas britânicas de ternos, chapéus, gravatas, sapatos e acessórios. À noite, sugiro uma caminhada por Covent Garden, sempre animado, mesmo quando faz frio. Geralmente durmo cedo, mas ouvi dizer que a noite agora ferve em Dalston.” Vai lá: Tate Modern - Bankside, SE1 9TG. www.tate.org.uk; Harrods Food Hall - 87-135 Brompton Rd. www.harrods.com; Fortnum & Mason - 181 Piccadilly. www.fortnumandmason; Serpentine Gallery - Kensington Gardens, W2 3XA. www.serpentinegalleries.org; Old Spitalfields Market - 16 Horner St. www.spitalfields.co.uk; Victoria and Albert Museum - Cromwell Rd SW7 2RL. www.vam.ac.uk; Natural History Museum - Cromwell Rd SW7 5BD. www.nhm.ac.uk; National Gallery - Trafalgar Square, WC2N 5DN. www.nationalgallery.org.uk; National Portrait Gallery - St Martin's Pl. www.npg.org.uk; Portobello Road – www.portobelloroad.co.uk; Covent Garden – West End - www.coventgarden.co.uk PARIS “Se tivesse apenas um dia em Paris, sairia cedo do hotel caminhando ao longo da Rue des Saints-Pères, desviando pelas ruelas medievais de Saint-Germain-des-Prés, até chegar à Pirâmide do Louvre e à Rue de Rivoli. É um passeio que faço sempre. Poderia também passar horas a fio sentado em uma mesa do Café de Flore, no Boulevard Saint-Germain, folheando as últimas revistas de moda, observando as pessoas, pensando na vida, curtindo estar ali, como se estivesse no cenário de um filme. Quando achasse que chegou a hora de mudar de cenário, iria até La Grande Épicerie de Paris, junto à loja de departamentos Le Bon Marché. É outro programa para horas de perambulação por vitrines de chocolates, queijos, temperos, chás, cafés, vinhos, doces de um universo gastronômico que os franceses embalam como joia. Em seguida iria de Vélib’ até o Musée Galliera, com exposições incríveis de moda. Fica entre o Trocadéro e o Arco do Triunfo e a região tem várias esquinas com vistas incríveis da Torre Eiffel, dos ângulos mais variados e mais fotogênicos imagináveis. Já que estou por ali, aproveitaria para visitar o Palais de Tokyo se houvesse alguma exposição de arte contemporânea que chamasse a minha atenção, ou mesmo para ir na livraria. No final do dia, estaria no Marais para curtir o burburinho das calçadas cheias de gente e das centenas de pequenas lojas independentes. Se, depois de comer em algum de meus restaurantes favoritos, ainda tivesse energia, faria um passeio ao longo do Rio Sena para ver os edifícios iluminados e a Torre Eiffel cintilando a cada hora cheia.” Vai lá: Café de Flore - 172 Boulevard Saint-Germain – 6eme www.cafedeflore.fr; Grande Épicerie de Paris - 38 Rue de Sèvres – 7eme www.lagrandeepicerie.com; Musée Galliera - 10 Avenue Pierre 1er de Serbie - http://palaisgalliera.paris.fr; Palais de Tokyo - 13 Avenue du Président Wilson www.palaisdetokyo.com TÓQUIO “O meu dia perfeito em Tóquio começa com um tênis bem confortável, pois, com certeza, vou caminhar muito. Adoro tomar café da manhã no Starbucks de Shibuya Crossing para descobrir as comidinhas diferentes e observar o movimento das pessoas no enorme cruzamento. Tem um minissanduíche de atum selado em pão de hambúrguer que vale a viagem. Acompanhado de um Green Tea Latte quente, fica melhor ainda. Sigo para Harajuku por um dos vários caminhos, seja pela Meiji-dori, pela Aoyama-dori ou pela trilha paralela à linha do trem da Yamanote Line. Recomendo fazer todos, um a cada dia. Em Harajuku, visito a Takeshita-dori, uma ruela infestada de jovens que buscam ofertas nas centenas de lojinhas de jeans, tênis, camisetas, eletrônicos, adesivos etc. Ali nascem as tendências. Quando canso de tanta informação, sigo para a avenida principal de Omotesando, com as lojas bacanas e vitrines elegantes, até chegar a Aoyama-dori. Vale lembrar que, mesmo em lojas internacionais, tem certos produtos que só são vendidos no Japão, por isso curto bisbilhotar. Depois do almoço, pego o metrô para Naka-Meguro. Adoro passear pela beira do rio, onde tem várias lojas e cafés independentes e um monte de salões de beleza e pet shops incríveis. Sigo na direção de Daikanyama, até chegar a T-Site para tomar um café e escutar música na maravilhosa loja Tsutaya. Subo as ladeiras meio sem rumo, olhando as casas, as escolas, os escritórios e fico imaginando como seria se eu morasse por ali. Quando vejo já estou novamente em Shibuya, o sol está se pondo e as luzes, se acendendo. Se não estou exausto, passo na Loft ou na Tokyu Hands, entro em um restaurante de sushi e volto para o hotel cansado, mas feliz da vida.” Vai lá: Starbucks - 21-6 Udagawa-cho. www.starbucks.co.jp; Takeshita Dori www.takeshita-street.com;T-Site - 17 Sarugakucho. http://tsite.jp/daikanyama/store-service/tsite-en.html; Loft -21-1 Udagawa-cho. www.loft.co.jp/shoplist/shibuya; Tokyu Hands - 12-18 Udagawacho www.tokyu-hands.co.jpz
T.O.P Skol
Somos obcecados por praia. Das grandes as pequenas. Das de tombo as de nudismo. Mas se tem uma coisa que tira a gente do sério é praia zuada. Uma pontinha de bituca enterrada na areia sequer, já deixa a gente transtornado. Qualquer coisa boiando no mar que não seja alga ou água viva, é taquicardia na certa. Se a gente pudesse estalar os dedos para as praias voltarem a ser como antes, tlec. Porque temos transtorno obsessivo por praia. E somos obcecados por isso.
Peladões em Machu Picchu
A antiga citadela de Machu Picchu tem sofrido novamente com ataques de forasteiros. Dessa vez, ao contrário de largas e pesadas armaduras, os bárbaros surgem nus em pêlo. E os peladões da cidade inca vem incomodando as autoridades peruanas. Os casos recentes envolvem um rapaz australiano, um jovem neo-zelandes e um casal europeu que até aparece no YouTube. Como nem todas histórias são reportadas, é de se acreditar que haja mais pelados andando por Machu Picchu - como o rapaz da foto acima. As autoridades do sítio histórico estão preocupadas e já reforçaram a segurança do local.
5 motivos para ficar no Brasil (e 5 para ir embora)
Murilo Meirelles
Maya Gabeira
27 anos, é surfista de ondas gigantes. Carioca, vive entre Los Angeles, Havaí e Rio
Para ficar:
• Comida
• Família e amigos
• Cultura e estilo de vida alegre
• Língua portuguesa
• As praias
Para ir embora:
• Desigualdade social
• Trânsito
• Obras
• Preços altos
• Violência
***
Carlos Nader
50 anos, é documentarista e integrante do conselho editorial da Trip. Nasceu e vive em São Paulo
Para ficar:
• As excelentes relações informais, como na amizade ou no sexo
• A liberdade para tocar o outro, afetuosamente
• A corrosão de valores como a raça
• A família
• O calor
Para ir embora:
• As péssimas relações formais, como no trabalho ou no trânsito
• A liberdade para tocar o outro, violentamente
• A corrosão de valores como a lei
• O Estado
• O calor
***
Angel Remigio Lemes Dominguez
39 anos, é médico cubano do programa Mais Médicos. Vive em Tocantinópolis (TO)
Para ficar:
• Os hábitos e os costumes são parecidos com os de Cuba
• As condições climáticas também são parecidas
• Não vejo xenofobia
• O povo é acolhedor
• O Brasil é bonito por natureza
Para ir embora:
• Viver com meus pais e minha família
• Amo minha terra natal
• Meus amigos de toda uma vida
• Meu compromisso social
• Nunca tinha pensado em morar em outro lugar além de Cuba
***
Marko Brajovic
40 anos, é arquiteto. Croata, mora em São Paulo desde 2006, onde casou-se com uma brasileira
Para ficar:
• Cada dia me surpreendo mais com a magia e a beleza das pessoas
• Devido a sua biodiversidade, o país é como um mestre de 3,8 bilhões de anos, com o qual temos muito o que aprender
• Temos guias espirituais indígenas únicos no mundo. Isso me inspira e me dá esperança
• Estou profissionalmente muito inspirado, sempre trocando conhecimentos e em constante processo criativo
• Acredito na evolução da consciência socioambiental da geração dos meus filhos como transformadora da realidade atual
Para ir embora:
• É extremamente difícil presenciar as injustiças e corrupções que ocorrem diariamente no país
• Educação e saúde não são prioridades nem são levadas a sério. Isso é dramático
• A especulação imobiliária e a perversa relação entre o planejamento urbano e a indústria automobilística. Os meus filhos não podem brincar na rua
• Uma economia embasada exclusivamente no modelo do consumo é insustentável em todos os sentidos
• Os rios de São Paulo são desrespeitados pelos habitantes. Quando uma cidade mata os próprios rios, mata a si mesma
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France Hazar
50 anos, é mãe viajante e bodyboarder. Mora na Austrália há 29 anos
Para ficar:
• O povo é feliz
• Família
• A comida. Não tem igual
• Ainda dá pra ter ajuda doméstica
• Em tudo dá pra dar um jeitinho
Para ir embora:
• Corrupção geral
• Não existe respeito ao próximo
• A lei não funciona, impunidade total
• Violência e putaria correm soltas
• Não existe respeito ao meio ambiente, estão acabando com tudo
Arquivo Pessoal
Milly Lacombe
47 anos, é jornalista, colunista da Tpm. Paulistana, já morou em Los Angeles e desde 2013 mora em Nova York
Para ficar:
• Nove sobrinhos
• O risoto de beterraba do restaurante Maní
• A Balsa (espaço cultural no centro de São Paulo), sábado à tarde
• O pôr do sol na varanda da nossa casa em Gonçalves (MG)
• O Corinthians
Para ir embora:
• Trânsito
• Elite careta, cafona, hipócrita e conservadora
• Homofobia não ser crime
• Carnaval
• Joaquim Barbosa
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Fred Pompermayer
38 anos, é fotógrafo de esportes radicais. Nasceu em Piracicaba (SP) e mora na Califórnia há 10 anos
Para ficar:
• Brasil é lindo, recursos naturais absurdos, geografia com 8 mil km de praias
• Povo bonito, alegre, feliz, mesmo com tanta coisa errada
• Estar perto das origens, família unida, amizade verdadeira
• Ótima comida
• Temperatura da água do mar
Para ir embora:
• A desonestidade do nosso governo
• Corrupção generalizada em todos os órgãos
• Impunidade, violência, falta de segurança e deficiência na educação e saúde
• Má distribuição de renda
• Dificuldade de locomoção
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Nina Lemos
43 anos, é jornalista, repórter especial da revista Tpm. Carioca, viveu anos em São Paulo até descobrir que seu lugar é Berlim, onde mora atualmente.
Para ficar:
• A maluquice brasileira. Como disse o De Gaulle, o Brasil não é um país sério. E isso é maravilhoso. A gente é tudo maluco, apaixonado, fala alto, grita, fica amigo em 5 segundos e diz eu te amo até para mendigo
• A simpatia brasileira. A gente é legal, solidário, incrível. Tenta ficar amigo das pessoas e ajudar os outros. A gente é, sim, cordial. Se conhecemos alguém, chamamos para ir à nossa casa. A gente é foda
• A praia do Arpoador, ou a sua praia preferida. É a melhor coisa do mundo encontrar amigos sem ter que marcar
• A música. Não só a bossa nova é foda, mas as bandas novas também, os novos artistas. E não tem nada melhor do que ir em show de amigo, ver que seu amigo é foda e morrer de orgulho depois
• Porque o Brasil está melhorando. Fico emocionada ao ver que a faxineira que limpa a minha casa agora faz universidade
Para ir embora:
• O machismo. Não gosto de viver em um país onde mulher não pode andar sozinha à noite, onde olham para a nossa bunda e onde a gente é chamada de malcomida o tempo todo. E onde uma mulher da minha idade é considerada uma velha caída
• A homofobia, essa amiga do machismo. Eu prefiro morar em um país onde meus amigos gays não corram o risco de levar porrada e possam casar e adotar filhos
• A desigualdade social. Está melhorando muito, mas ainda é triste ver que um monte de gente anda de helicóptero para ir ao trabalho, enquanto outras se ferram no trânsito o tempo todo
• Querer uma vida mais simples. As pessoas na Europa não são tão consumistas. É legal viver com valores mais “baratos”, sem tanta ostentação. No Brasil, a elite tem que mostrar o tempo todo que tem a melhor casa, o melhor carro. (E depois fala mal do funk ostentação e dos rolezinhos)
• A violência. Gosto de andar na rua tranquila, sem ser assaltada, sem a violência do trânsito e achar que vou sobreviver. Em São Paulo, isso é incerto. Posso ser atropelada, podem me bater, podem enfiar uma arma na minha cabeça ou uma faca no meu pescoço (como já fizeram)
***
Paulo Barcellos
27 anos, é bodyboarder profissional, fotógrafo aquático. Vive no Havaí
Para ficar:
• Família e amigos
• A beleza do Rio de Janeiro e meu sítio em São Paulo
• Café expresso
• Conversar em português
• Assistir às “Vídeo Cassetadas” do Faustão ao lado da minha mãe e da minha esposa
Para ir embora:
• Falta de educação do brasileiro
• Insegurança
• Falta de infraestrutura
• Preços exorbitantes
• Burocracia
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Sandra Guimarães
32 anos, ativista e autora do blog Papacapim. Morou na Palestina, em Paris e agora está em Bruxelas
Talvez você estranhe a minha lista, então já vou explicando. Sinto que é minha responsabilidade lutar por uma sociedade melhor e, nas poucas vezes que pensei em voltar, foi pensando em lutar por mudanças. Então preferi ser sincera. Adoro o calor do povo brasileiro, as belezas naturais, a comida tropical, mas isso pra mim nunca foi motivo pra morar aí. Então lá vai:
Para ficar no Brasil (e lutar por mudanças):
• Jair Bolsonaro
• Racismo
• Bancada ruralista
• Limpeza étnica nas terras indígenas
• Rodeio e vaquejada
Para ir embora (porque não sei se é possível lutar contra isso):
• A desonestidade que atende pelo apelido de “jeitinho”
• A influência cada vez maior da Igreja sobre o Estado
• Corrupção
• Obsessão com a aparência
• Certas convenções sociais, como acreditar que é necessário mentir se acharmos que a verdade deixará o outro constrangido ou chateado
Jorge Bispo
Carlos Burle
46 anos, é surfista de ondas grandes. recifense, mora entre o Rio e o Havaí
Dê 5 motivos para ficar no Brasil
• Em primeiro plano, família e amigos. Os sentimentos mais puros e verdadeiros normalmente compartilhamos com eles. O Brasil é minha terra natal e me esforço para ter orgulho de ser brasileiro
• Clima e natureza, principalmente no que diz respeito a ausência ou menor magnitude de fenômenos naturais fortes, como tempestades, terremotos e invernos muitos frios
• Miscigenação de raças, religiões e crenças. É muito bom viver em um país onde a maioria convive em paz, respeitando as diferenças.
• O povo. Temos vários defeitos, mas gosto de focar nas qualidades. Acho que, apesar da falta de acesso a instrução e conhecimento, somos criativos e a grande maioria da população tem vontade de ver um Brasil decente e melhor. Além disso, gosto do calor humano. Gostamos de tocar uns aos outros
• Culinária e cultura. Acho que esse lado é bem emotivo também. Todos temos tendências a sentir saudades de nossas tradições, da nossa música e daquela farofinha!
E 5 para ir embora
• Nas últimas duas décadas, testemunhamos uma perda de qualidade de vida incrível. Sempre fomos um
país do Terceiro Mundo, mas tínhamos orgulho de viver num lugar com muita abundância de recursos naturais, prazeres e poucas perturbações. Hoje em dia, perdemos muito dessas riquezas. Agora tudo é complicado. Transporte, segurança etc. Viver no Brasil ficou estressante!
• Péssimos exemplos das classes que governam o país. Temos muita corrupção, os impostos são altíssimos e não vemos os investimentos em infraestrutura, saúde e educação para a população. Há muita burocracia, que leva à corrupção. Temos uma grande maioria política que pensa no bem de poucos, ludibriando as classes menos informadas por meio de uma política populista irresponsável, que pensa a curto prazo e não em um futuro melhor para todos
• Valores distorcidos da população. Vivemos em um país onde ser bem-sucedido significa passar por cima de tudo e de todos. Aqui vigora a lei do Gerson. É muito difícil andar corretamente no Brasil, o nosso sistema se esforça para ensinar o oposto. Muito triste mesmo!
• Segurança. Esse assunto virou uma paranoia nacional. Vivemos aprisionados nesse sistema louco que criamos. É como uma corrente. Toda ação tem uma reação. Se você rouba muito e esquece do básico – educação, saúde, transporte publico etc. –, é lógico que isso retorna como revolta e crimes. A pessoa acha que pode roubar porque todos roubam. Quem tem dinheiro pode comprar seguranças e carros blindados. É muita ignorância!
• Descaso com o meio ambiente. Sou surfista profissional, viajo muito e sou apaixonado pela natureza. Fico muito triste em testemunhar o que estão fazendo com as leis de proteção ambiental! Praias, lagoas e rios estão poluídos! Nosso esgoto muitas vezes não é tratado e é despejado a céu aberto. Estamos destruindo irreversivelmente um país lindo e rico em recursos naturais
***
Edmilson Filho
38 anos, é ator, interpreta Francisgleydisson no filme Cine Holliúdy. Cearense, mora em Los Angeles
Dê cinco motivos para ficar no Brasil
• Amigos e família que conhecem seu passado e compartilham um passado em comum
• Poder se comunicar e saber que às vezes basta um olhar, um sinal, para ser entendido
• Biscoito Cream Cracker com café e biscoito Champanhe. Além de Maria-mole, pirulito Zorro, paçoca e bala Soft
• As praias do Nordeste do país
• A sensualidade da mulher brasileira
E 5 para ir embora
• Muito crime e falta de segurança
• Tudo é caro demais
• Imposto demais, sem retorno
• Corrupção geral
• A lei não vale para o pobre e para o rico
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Cassia Bundock
50 anos, é publicitária. mora na Austrália há 14 anos
Dê 5 motivos para ficar no Brasil
• A familia e amigos
• A música e a arte
• A beleza natural
• As oportunidades de trabalho
• O humor
E 5 para ir embora
• A política e os políticos
• A injustiça social
• A corrupção
• A falta de educação
• A desonestidade
Cite uma música que faz você pensar no Brasil
Todas de Caetano Veloso, Gal Costa e Mundo Livre
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Ronaldo Fraga
47 anos, é estilista. nasceu e mora em Belo Horizonte
Dê 5 motivos para ficar no Brasil
• Somos jovens, nosso olhar ainda brilha diante de um mundo caduco
• Na nossa essência, somos solidários e generosos
• Temos clima e temperaturas para gregos e troianos
• Nossa cultura mestiça refletida na culinária, no design e na música
• Somos otimistas, só de raiva!
E 5 para ir embora
• A alta carga tributária, que tem engessado a produção interna
• A política do século 19, que robustamente ainda domina o país
• O baixíssimo investimento em cultura e educação
• A erotização infantil
• A distância oceânica entre as classes, onde John não se encontra com João
Crie uma peça de protesto
Ronaldo Fraga
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Letícia Moreira/Folhapress
Criolo
38 anos, é rapper. nasceu e mora em São Paulo
Dê 5 motivos para ficar no Brasil
• Minha família, meus amigos, o bairro em que eu nasci e tudo que eu mais amo na minha vida estão aqui
• Não existe lugar melhor no mundo. Mesmo com todos os problemas, com tanta coisa errada acontecendo o tempo todo, tanta corrupção, todo dia, toda hora. O povo brasileiro pega isso tudo e transforma em sorriso, é um povo que não nega solidariedade, carinho, amor. O povo brasileiro faz, de verdade, desse lugar um dos melhores pra viver
• A minha fé em dias melhores. Eu acredito que tem solução. Acredito que podemos fazer este país funcionar melhor
• Eu quero estar vivo e estar aqui pra ver este país melhorar pra todo mundo
• Não dá pra viver longe da poesia da minha mãe
E 5 para sair
• Sinceramente, se eu tentar listar cinco motivos pra alguém deixar o Brasil, estarei prestando um desserviço a esta nação. Morar longe daqui, pra mim, não é uma opção. O Brasil é um país continente, tem muitos “Brasis” dentro do Brasil, muita riqueza cultural. É um país muito grande, a gente ainda tem muito pra desvendar. Tem tanta opção, você pode ir pra tantos lugares, que eu não vejo razão pra abandoná-lo
Descreva uma cena de filme que fale muito sobre o Brasil
Pode parecer clichê, mas acho que a última cena de Tropa de Elite descreve bem a minha impressão sobre o país
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Gilda Midani
53 anos, é fotógrafa, produtora cultural, figurinista e designer de moda. Carioca, rodou o mundo, viveu nos EUA e hoje mora entre Rio, São Paulo e Paris
Dê 5 motivos para ficar no Brasil:
• A serra do Rio de Janeiro tão pertinho da cidade, pra fugir do Brasil sem precisar passar por nenhum aeroporto
• A praia na pedra do Arpoador antes das 9 da manhã ou depois das 8 da noite
• Caipiroska de siriguela, chope gelado, botequins (originais, não a versão paulista que o carioca reimportou para o Rio)
• Causar inveja branca nos amigos gringos a cada vez que a gente volta ao Brasil pra trabalhar
• Continuar exercitando o otimismo
E 5 para ir embora:
• Motivo óbvio #1
• Motivo óbvio #2
• Motivo óbvio #3
• Motivo óbvio #4
• Viver o Brasil em estado de férias
***
Dudu Bertholini
34 anos, é estilista. Nasceu e mora em São Paulo
Dê 5 motivos para ficar no Brasil
• Os melhores sucos de frutas naturais a cada esquina! Caju com laranja, melancia com gengibre, melão com banana, além de frutas incríveis como pitanga, manga, cajá... um verdadeiro luxo da natureza
• A inteligência emocional do brasileiro. Temos vários problemas sociais, mas também somos calorosos, abertos e humanos. Um país como a França, com uma história fantástica e as cidades mais belas do mundo, tem pessoas mal-humoradas e ranzinzas, como se sofressem o peso de um passado tão grandioso
• As belezas naturais, de norte a sul do país, são sensacionais! O litoral do Nordeste, as chapadas, a Floresta Amazônica, o Pantanal são de uma diversidade e riqueza imensuráveis! Basta ter sensibilidade para desfrutá-las
• A cultura brasileira é um grande motivo para amar o país
• Somos um país com pouco mais de 500 anos de história e temos muitos capítulos a serem escritos. No mundo globalizado de hoje, estamos conectados a todos os lugares, o tempo inteiro, e somos “gypsetters” (junção dos termos gypsy e jetsetter) contemporâneos. Então por que abandonar meu país, cujas raízes se revelam em tantos aspectos de quem eu sou? Jamais!
E 5 para ir embora
Tenho apenas motivos para ficar. Ir embora jamais.
Não vou de táxi, cê sabe
Arquivo Pessoal
Aline pega carona com caminhoneiro entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais
No ano passado, ao embarcar para a Europa sem dinheiro algum, a carioca Aline Campbell, 24 anos, não queria provar que era capaz de suportar qualquer perrengue, mas que ainda é possível confiar nas pessoas. Ao longo de 92 dias, ela passou por Holanda, França, Inglaterra, Itália, Alemanha, República Tcheca e Sérvia, sempre percorrendo o trajeto no banco do passageiro de carros e caminhões, o que fez mais de 50 vezes. Depois de voltar ao Brasil, não demorou para ela pegar a estrada de novo com o mesmo propósito. O plano era ir do Rio de Janeiro até o Maranhão pela costa, mas já mudou no meio do caminho.
Onde você está agora? Em Minas Gerais, e na verdade não sei qual será meu próximo destino. Comecei esta jornada no dia 1º de fevereiro, quando fui para Indaiatuba (SP) buscar o Saga, meu cachorrinho e companheiro de viagem. Depois fiquei uns dias em Sana e Cabo Frio (RJ), Juiz de Fora (MG), e agora escrevo de São Thomé das Letras. Não tenho data para voltar ao Rio.
Você batizou este projeto de viagem de Open Doors. Como tem sido a versão brasileira? Portas Abertas é como eu chamo um conjunto de ideais nos quais acredito sobre ser uma pessoa mais aberta ao mundo, basicamente. Estou viajando com dinheiro desta vez, mas ainda pegando carona nas estradas (sim, com o cachorro) e também ficando na casa de desconhecidos. Uso bastante o Couch Surfing (rede social onde você pode oferecer o sofá de casa para viajantes e/ou “surfar” no de outra pessoa), mas tem as pessoas que encontro pelo caminho e os convites que surgem na página do projeto (www.facebook.com/alinecampbellopendoors).
Qual a maior aflição de quem está esperando carona? O tempo, mas isso não me atinge mais. Não me importo se tiver de esperar 1 ou 10 horas por uma carona. Na verdade, eu nem sinto mais o tempo passar. Aprendi a deixar as coisas acontecerem, no seu passo.
Como ser um caroneiro bem-sucedido? Confiança é a chave. Acredite no bem e confie no outro. Viver com o mínimo possível é essencial também, carregue somente o necessário – e o necessário, acredite, cabe numa pequena mochila de viagens. Na hora de ir para a beira da estrada, tenha coragem e use uma placa, mesmo que seja com uma seta desenhada, para facilitar a identificação. E seja paciente, cedo ou tarde um automóvel irá parar.